Hoje o assunto do blog é triste, se não revoltante.
Acho esse negócio de morte meio absurdo, sabe? Sempre achei estranho e costumo não aceitar muito bem isso.
Ontem saindo de uma balada ouvi boatos de que um ex-namorado meu estivesse morto. A principio como sempre, eu relutei, não quis acreditar, pensei ser alguma invenção de mal gosto e hoje eu resolvi averiguar.
Se fosse alguém com dinheiro, alguém com fama, certamente teria sido mais fácil encontrar alguma informação, mas tive que pesquisar muito e pasmei com o que eu encontrei.
Uma pequena nota de três linhas num jornal local de oito meses atrás, dava a trágica noticia... O Daniel, o meu Dani, como eu costumava chama-lo, com apenas 19 anos, enforcou-se com um fio de luz depois de uma discussão amorosa.
Uma vida inteira pra acabar assim, com três linhas, como se ele não fosse absolutamente nada e uma foto medonha do corpo dele coberto por um plástico cinza sobre uma maca. Pior... muita gente, como eu, nunca ficou sabendo do que houve, ou acabou por descobrir meses depois.
8 meses e as lembranças de quem ele era, de como ele era se avivam cada vez mais na minha mente e eu nada posso fazer... Nada pode ir contra esse temível, famigerado mal. É irremediável, nada se pode fazer, eu nunca mais verei seu sorriso, ou ouvirei sua voz, ele nunca mais estará entre nós a não ser em nossas lembranças.
Quem soube do ocorrido há tempo, nem ao menos se importa mais e temo que com o tempo a dor e a saudade que eu sinto agora e parecem me tirar o chão, também irão sumir. Diferente dos casos que vemos nas televisões, em repercursões até mundiais, onde anos depois ainda se prestam homenagens áqueles que se foram, isso acontece e vai acontecer com muita gente. Acaba ali, simples assim. É a dor de familiares e conhecidos tudo o que resta e ainda assim por um breve espaço de tempo.
Me revolta saber que todas aquelas histórias que ele me contava, que tudo que ele viveu, possam ter um final assim, besta, torpe, vago. Me chateia pensar que comigo talvez também será assim, apenas mais uma vida que se vai, apenas mais uma...
A vida segue, e é só isso? Triste, no mínimo.
Eu queria ao menos ter podido me despedir direito, poder dizer-lhe algumas palavras, contar o que eu estava sentindo e ouvir o que ele sentia, enquanto o sangue ainda lhe corria pelas veias. E tudo o que me resta agora é a lembrança daquele sorriso, é a crença de que em algum lugar ele ainda pode me ouvir, que possa saber o quanto ele foi importante, mesmo depois de tudo e o quanto eu imploro aos céus pra que ele esteja bem, em paz.
O Dani não era um santo, mas era humano, era vivo, era muito mais do que aquela foto medonha e aquele artigo medíocre. E agora esse post é tudo o que eu posso fazer por ele.
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Daniel Samuel de Matos, Adeus meu anjo. |