quinta-feira, 28 de abril de 2011

It’s not save anymore…

Outro dia, lendo um dos blogs da Clara Averbuck encontrei algo que pra mim fez muito sentido. Talvez pra maioria das pessoas não faça, principalmente quando se trata da classe blogueira, que usa esse meio para lucrar. Mas para alguém que escreve por pura necessidade – como eu – fez muito sentido. E eu me identifiquei, como me identifico sempre com grande parte de tudo o que ela escreve.
As vezes eu tenho a nítida impressão de que nasci com canetas e teclados ao invés de cordas vocais. É escrevendo que eu consigo ser sincera comigo, é nas palavras que eu expresso de verdade o que eu sinto.
Com o tempo eu aprendi, que eu tenho sim o direito de pensar e sentir o que eu bem entender, mas que ninguém é obrigado a concordar com isso, ou ouvir o que eu penso o tempo todo. Aprendi também que certas palavras quando não são previamente medidas, ferem mais do que um tapa, uma ferida.
E foi assim que aprendi a calar, a me trancar nessa imensa bolha que é a minha vida e vestir a máscara do ‘tudo bem’. E foi assim também que comecei a escrever, desde muito cedo.
Escrevo única e exclusivamente pra mim, pra ser sincera comigo, pra não acabar acreditando nas minhas próprias inverdades. E publico, por que tenho uma necessidade gigante de imortalidade, por que  não quero que tudo o que saibam a meu respeito um dia, sejam as mentiras que eu mesma inventei, ou uma nota de falecimento num jornal qualquer.
Então veio essa era tecnológica e a grande maravilha: os blogs. Um cantinho só meu, onde eu posso mostrar quem eu realmente sou, sem ser julgada e melhor: sem ferir alguém.
Mas é quando as pessoas que convivem comigo, as pessoas para as quais eu aprendi a calar, descobrem meus blogs, que esse ‘cantinho’ deixa de ser seguro e consequentemente verdadeiro. Por que começam as cobranças, por que querem saber mais, por que não gostaram do que eu escrevi.
Então eu tento adaptar as minhas palavras, pra não ofender mais, e tudo isso aqui vira uma grande besteira, uma grande hipocrisia. Então eu mudo o domínio, e sou julgada por estar escondendo algo. Então eu paro de escrever, por que não quero que isso aqui vire um lugar para agradar alguém, por que isso eu faço no meu dia-a-dia.
Eu quero que isso aqui seja verdadeiro, se não, não há por que continuar escrevendo. E mesmo que eu pare por um tempo, ou diga que desisti de vez, eu sempre volto. Escondidinha, sem ninguém saber, volto a escrever pra ninguém além de mim, volto a escrever por que minha necessidade de agradar alguém só existe enquanto essa pessoa importar pra mim.
E como tudo, meu conceito de importância também muda com certa frequência, e é só nas palavras que eu desconto meus medos, anseios e vontades sem ferir, magoar, decepcionar. Sou alguém decepcionante, acostumei-me  a isso, e basta.
“Eu posso até não concordar com as coisas que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dize-las.”

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